sábado, 21 de setembro de 2013

Improviso?

Eu particularmente acho improvisar é para quem tem total segurança do que está fazendo.E tem conhecimento daquilo que vai executar. 
Ou do contrário vai acontecer o que  acontece comigo sempre que vejo um vídeo meu de improviso:
''O.O Jesus, o que era aquilo?''.
No meu caso , os movimentos ficam encurtados, faço movimentos que surgem sei lá de onde. rsrsrsrs Embora prefira assim. :) 
Não consigo montar coreografias para mim. Sem contar que na hora posso esquecer, e daí entra novamente o improviso.
 Talvez seja o fato de que quando montamos uma coreografia, mudamos alguns passos, trocamos as sequencias até ficarem ''perfeitos'' , pelo menos aos nossos olhos. Quando você recebe uma coreografia pronta, é só memorizar e executar. Não tem a preocupação de encaixar uma coisa na outra.
Há os prós e contras, como qualquer outra coisa na vida da gente.

No improviso: Se temos pouco tempo de dança ou não conhecemos a música, corremos o risco de ficar com aquela expressão: ''Oh!! O que faço agora?'' . Aí entra a alma da bailarina, o amor, a entrega... O ouvido apurado... Estar segura do que sabe fazer. E isso dá um toque especial a dança. Fica ''viva''. Sem passos marcados e cara de paisagem.

Na coreografia: Se ensaiamos pouco, corremos o risco de ficar com aquele olhar procurando no horizonte o passo vem depois do outro. Podemos nos perder.  Pior ainda se for em grupo, onde todos percebem que não estamos sincronizadas. Por outro lado, quando ensaiamos temos total domínio dos passos. Podemos executar com mais amplitude. Não correndo o risco de por exemplo fazer um oito maia e no meio dele entrar uma batida de repente, ficando perdida. Se bem ensaiadas, podemos ousar na expressão. Sorrisão (se a música for alegre), uma piscadinha pra alguém conhecido da platéia... E por aí vai.

Mas tudo isso é MINHA OPINIÃO.

O que já ouvi falar é o seguinte: Se você conhece a música, já ouviu ela alguma vez, ou zilhões de vezes não caracteriza improviso. O improviso é quando você cria passos e sequências em cima de algo que nunca ouviu.

Particularmente, eu prefiro ouvir a música até gastar os ouvidos. Determinar alguns pontos onde sei que a música pede aquele movimento. E o resto flui no momento da apresentação. Mas é questão pessoal mesmo. Embora ache que a coreografia possa ajudar e muito.

Eis aqui um vídeo meu improvisando: Derbake


Li esse texto e acho que encaixa direitinho em qualquer modalidade da dança:
Kauane Linassi Leite da 8ª série de dança contemporânea, preparou um texto para o Blog da Escola Bolshoi Brasil.
Improviso na dança contemporânea

Aos 13 anos, pela primeira vez, fui jogada sobre um palco e, movida a partir de uma pesquisa pouco pincelada, encarei o desafio de improvisar perante uma plateia inteira.

Hoje, alguns anos mais tarde, depois de constante pesquisa, ainda posso afirmar que improvisação é uma das coisas que mais gosto de fazer quando se trata de expressão artística.
Improvisar é estar consciente e inconsciente ao mesmo tempo. É ter noção do que se faz concomitantemente em que não se sabe o que se está fazendo. Improvisar é se utilizar de vivências. De insights. De repertórios corporais pré-estabelecidos.

Improvisar, ao contrário do que muita gente pensa, não é para qualquer um. Mexer o corpo de um lado para outro, correr saltar e pensar, que, só porque está inventando tudo na hora, é improviso é coisa de quem não sabe nada. E para improvisar tem que saber. Pelo menos alguma coisinha desta vida! Porque para improvisar é necessária uma somatória de momentos já vividos, milhares de histórias para contar e uma necessidade monstruosa de estabelecer contato com qualquer segmento que for através desta comunicação propícia a quem quer conversar por meio do corpo.

Linguagem poética, estética ou não, a improvisação em dança nos liberta. Particularmente, um movimento improvisado soa mais verdadeiro que muitos coreografados, porque improvisar é presente. E presente num sentido ambíguo. É presente de agora, de momento, em que na criação não há tempo para pensar duas vezes. Ao mesmo tempo, em que aquele que improvisa é um grande presenteado.
Eu poderia ficar horas contando do quanto me tornei uma pessoa mais segura, autoconfiante, ousada e criativa depois que comecei a improvisar.

Confiar apenas em si mesmo, nas bagagens de seu próprio corpo e na explosão emocional que bombardeia a alma do bailarino é um desafio. E que desafio! Mas, felizmente, um desafio que me alimenta e me faz querer improvisar mais e mais. Desde uma improvisação coberta por holofotes e milhares de olhares até uma improvisação para o simples movimento de pegar um lápis que cai no chão.
Dançar a vida, a cotidiano, o agora: eis o grande barato desta corrente da dança contemporânea que surgiu no início dos anos 70, e que continua frequente e cada vez mais desafiadora até hoje.

O que penso enquanto estou improvisando? Nada. Apenas sinto. Pois improvisar é sentir. E sentir é querer improvisar mais e mais... Até que o meu corpo me conduza, quase que involuntariamente, a improvisar mais uma vez, só se calando na hora de começar de novo.


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